quarta-feira, junho 07, 2006

Preferência e Amores pelos Sub-humanos

As crianças de minha geração eram censuradas em sua maior parte por dizerem que "amavam" morangos, e algu- mas pessoas se orgulham do inglês possuir os dois verbos amar e gostar (como em português - Nota do Tradutor) enquanto o francês precisa satisfazer-se com aimer para ambos os sentidos.
Mas o francês tem muitas outras línguas de seu lado. De fato, o uso inglês atual também com freqüência faz isso. Quase todos os oradores, quer pedantes ou piedosos, falam diariamente sobre "amar ou adorar" um alimento, um jogo ou uma ocupação.
Existe mesmo uma continuidade entre nossas preferências elementares por coisas e nossos amores pelas pessoas. Desde que "o superior não subsiste sem o inferior" seria melhor começar de baixo, com as simples preferências, e desde que "gostar" de algo significa ter um determinado prazer nele, devemos começar com o prazer.
Sabe-se desde há muito tempo que os prazeres po- dem ser divididos em duas categorias: os que não seriam prazeres de modo algum a não ser que precedidos por um desejo e os que são prazeres por direito próprio e não ne- cessitam de tal preparo. Um exemplo do primeiro seria um gole de água. Este é um prazer se você tem sede e um enorme prazer se estiver muito sedento. Mas provavelmente ninguém no mundo, exceto em obediência à sede ou às ordens do médico, jamais encheu um copo de água e o bebeu só pelo prazer da coisa.
Um exemplo da outra categoria seria o prazer não procurado e inesperado de sentir o cheiro de um campo de feijão ou de um canteiro de ervilhas-de-cheiro esperando por você em seu passeio matinal. Você não precisava de nada, estava plenamente satisfeito antes disso; o prazer, que pode ser enorme, é um presente não solicitado, acrescentado. Estou dando exemplos muito simples para esclarecimento e naturalmente existem muitas complicações. Se você receber uma xícara de café ou um copo de cerveja quando esperava água e teria ficado satisfeito com ela, então terá um prazer do primeiro tipo (satisfação da sede) e um do segundo (um sabor agradável) ao mesmo tempo.
De novo, uma adição pode transformar o que antes era um prazer do segundo tipo em outro do primeiro. Para o indivíduo temperante um copo de vinho ocasional é uma delícia - como o aroma do campo de feijão. Mas para o alcoólatra, cujo paladar e digestão já foram há muito destruídos, bebida alguma proporciona qualquer prazer exceto o do alívio de um desejo insuportável.
No que concerne à sua capacidade de discernir sabores, ele na verdade a detesta; mas é melhor do que a miséria de permanecer sóbrio. Todavia, através de todas as permutas e combinações, a distinção entre as duas classes permanece toleravelmente clara. Podemos chamá- las Prazeres-Necessários e Prazeres de Apreciação.
A semelhança entre esses prazeres-Necessidade e amores-Necessidade do primeiro texto irá ocorrer a todos. Mas ali, como deve lembrar-se, tive de confessar que precisei resistir a uma tendência para depreciar os amores- Necessidade ou até a dizer que não eram de forma alguma amores. Aqui, para a maioria das pessoas, poderá haver uma inclinação oposta. Seria muito fácil passarmos a louvar os prazeres-Necessidade e reprovar os Apreciativos: um deles tão natural (uma palavra de peso), tão necessário, tão protegido de excessos pela sua própria naturalidade; o outro tão desnecessário e abrindo a porta para toda sorte de luxúria e vício.
Se nos faltasse matéria para este assunto poderíamos fartar-nos até o ponto máximo ao abrir as obras dos Estóicos. Mas através de toda esta pesquisa devemos ter cuidado em jamais adotar prematuramente uma atitude moral ou de avaliação. A mente humana tem no geral mais inclinação para elogiar e desprezar do que para descrever e definir. Ela quer fazer de toda diferença uma distinção em valor; surgem então aqueles críticos fatais que nunca conseguem indicar a qualidade divergente de dois poetas sem colocá-los em ordem de preferência como se fossem candidatos a um prêmio. Não nos cabe absolutamente fazer isso com relação aos prazeres.
A realidade é demasiado complicada. Já fomos advertidos quanto a isso pelo fato de que o prazer-Necessidade é o estado em que os prazeres apreciativos terminam quando se desviam (pelo hábito). Para nós, de qualquer modo, a importância dos dois tipos de prazer está na proporção em que eles prefiguram as características em nossos "amores" (assim chamados ade- quadamente). O indivíduo sedento que acabou de beber um copo de água, pode exclamar: "Por Deus, eu queria isso". O mesmo se aplica ao alcoólatra que terminou o seu trago". O homem que passa pelas ervilhas-de-cheiro em seu passeio matinal terá maior probabilidade de dizer: "Que perfume delicioso". O "connoisseur" depois de seu primeiro gole do famoso clarete, poderá também afirmar: "Este vinho é excelente".
Quando os prazeres-Necessidade estão em foco, nos inclinamos a fazer declarações sobre nós mesmos no passado. Quando os prazeres Apreciativos são focalizados, tendemos a expressar-nos sobre o objeto no presente. E fácil ver a razão disso.
Shakespeare descreveu a satisfação de uma lascívia tirânica como algo "Cobiçado passada a razão e, nem bem alcançado, Odiado passada a razão."Mas os mais inocentes e necessários dos prazeres-Necessidade possuem algo desse mesmo caráter - apenas algo, naturalmente. Eles não são odiados no momento em que os obtemos, mas certamente "morrem em nós" com extraor- dinária brusquidão, e completamente.
A torneira da pia e o copo são muito atraentes quando entramos suados depois de lidar no jardim, mas seis segundos mais tarde eles perdem todo o seu interesse. E se me perdoar por referir-me ao mais extremo dos casos, não houve momentos para a maioria de nós (numa cidade estranha) quando a palavra "Cavalheiros" sobre uma porta despertou uma alegria praticamente digna de ser celebrada em versos? Os prazeres da Apreciação são muito diferentes. Eles nos fazem sentir que algo não só gratificou nossos sentidos como também reivindicou nossa apreciação por direito.
O conhecedor não só tem prazer no seu vinho como apreciaria aquecer os pés quando estes estão frios. Ele sente que ali está um vinho que merece toda a sua atenção, que justifica toda tradição e habilidade gastas no seu preparo e todos os anos de treinamento que tornaram o seu próprio paladar apto para julgá-lo. Existe até mesmo um vislumbre de generosidade na sua atitude. Ele deseja que o vinho seja preservado e guardado em boas condições, mas não só por sua causa. Mesmo que estivesse em seu leito de morte e nunca mais fosse beber vinho, ficaria horrorizado ao pensar que essa vindima pudesse ser derramada ou estragada ou mesmo bebida por estúpidos (como eu) que não sabem distinguir um bom de um mau clarete.
O mesmo se dá com o homem que passa pelas ervilhas-de-cheiro. Ele não goza simplesmente a fragrância, mas sente que da de alguma forma merece ser apreciada. Iria culpar-se se seguisse adiante, desatento e desencantado. Seria grosseiro, insensível. Que uma coisa tão linda viesse a ser desperdiçada nele seria uma vergonha. Irá lembrar-se daquele momento delicioso por muitos anos.
Ficará triste ao ouvir que o jardim pelo qual passou em seu passeio naquele dia foi engolido por prédios de cinemas, garagens e pela nova rua. Em termos científicos ambos os tipos de prazer são sem dúvida relacionados com nosso organismo. Mas os prazeres-Necessidade proclamam em voz alta sua ligação não apenas com a estrutura humana mas também com sua con- dição momentânea, e fora dessa relação não têm para nós qualquer significado ou interesse. Os objetos que proporcionam prazeres de apreciação nos fazem sentir que de al- gum modo somos obrigados a saboreá-los, dar-lhes atenção e elogiá-los (quer esse sentimento seja ou não irracional). "Seria um pecado servir um vinho como esse ao Luís", diz o perito em clarete. "Como você pode passar por este jardim sem sentir seu aroma?" perguntamos.
Mas jamais deveríamos sentir-nos assim em relação a um prazer-Necessidade: jamais culpar-nos por não termos tido sede e portanto passarmos por uma fonte sem beber um gole de água. Como nossos prazeres-Necessidade prefiguram nosso amor-Necessidade é algo bastante evidente.
No último, o ser amado é visto em relação às nossas próprias necessidades, assim como a torneira do filtro é vista pelo homem sedento e o copo de bebida pelo alcoólatra. E o amor-Necessidade, como o prazer-Necessidade, não irá durar mais do que a necessidade em si. Isto não significa, felizmente, que todas as afeições que começam no amor-Necessidade sejam transitórias. A necessidade em si pode ser permanente ou repetida. Uma outra espécie de amor pode ser enxertada no amor-Necessidade. Os princípios morais (fidelidade conjugal, piedade filial, gratidão e outros) podem preservar o relacionamento por toda uma vida. Mas onde o amor-Necessidade é deixado sem ajuda, dificilmente podemos esperar que não "morra" uma vez que cesse a necessidade.
Vemos exemplos disso nas queixas das mães cujos filhos crescidos as negligenciam e as amantes abandonadas depois de satisfeita a necessidade do amante. Nosso amor-Necessidade por Deus está em posição diferente, pois nossa necessidade dele jamais cessará seja neste ou em qualquer outro mundo. Mas nossa percepção do mesmo pode acabar e então nosso amor-Necessidade também morre.
"O Diabo estava doente, o Diabo queria ser monge." Não parece haver razão para descrever como hipócrita a piedade de curta duração daqueles cuja religião se desvanece uma vez que saiam do "perigo, necessidade ou tribulação". Por que não teriam sido sinceros? Estavam desesperados e gritaram por socorro. Quem não faria o mesmo? O que o prazer Apreciativo prefigura não é tão facilmente descrito.
Em primeiro lugar, ele é o ponto de partida de toda a nossa experiência de beleza. E impossível traçar uma linha abaixo da qual tais prazeres sejam "sensuais" e acima da qual eles sejam "estéticos". As experiências do perito em clarete já contêm elementos de concentração, julgamento e percepção disciplinada, que não são sensuais; as do músico contêm elementos que o são. Não existe uma fronteira, mas uma continuidade, entre o prazer sensual dos aromas do jardim e a apreciação do campo (ou "beleza") como um todo, ou mesmo de nossa apreciação dos pintores e poetas que fazem dele seu objeto. Como já vimos, porém, existe desde o início nesses prazeres uma sombra, um despertar, ou um convite, ao desinteresse.
De um modo, naturalmente, podemos mostrar desinteresse ou generosidade, mais heroicamente ainda, com relação ao prazeres-Necessidade: é o copo de água que Sidney, mesmo ferido, sacrifica ao soldado agonizante. Mas não é a esse tipo de desinteresse que me refiro agora. Sidney ama o seu próximo. Mas nos prazeres Apreciativos, mesmo em seu plano mais baixo, e mais e mais à medida que crescem na plena apreciação de toda beleza, obtemos algo que dificilmente podemos deixar de chamar de amor e dificilmente deixar de chamar de desinteressado em relação ao objeto em si.
E o sentimento que iria impedir alguém de mutilar um quadro famoso mesmo que fosse o último homem vivo sobre a terra e estivesse ele mesmo prestes a morrer, o que nos faz ficar contentes ao pensar em florestas intactas que jamais veremos, que nos faz ansiar para que o jardim ou o campo de favas continue a existir. Não se trata simplesmente de gostarmos deles; nós os pronunciamos, num momento de bom senso divino momentâneo, como sendo "muito bons". Nosso princípio de começar do inferior - sem o qual o "superior não subsiste" - começa a pagar dividendos.
Ele me revelou uma deficiência em nossa presente classificação dos amores em Necessidade e Doação. Existe um terceiro elemento no amor, não menos importante do que esses, que é prefigurado pelos nossos prazeres apreciativos. Esta idéia de que o objeto é muito bom, esta atenção (quase uma homenagem) oferecida a ele como uma espécie de obrigação, este desejo de que deveria e deve continuar sendo o que é, mesmo que não venhamos a gozá-lo, pode envolver não só coisas como pessoas.
Quando oferecida a uma mulher, nós a chamamos de admiração; quando a um homem, adoração de um ídolo; quando a Deus, simplesmente adoração. O amor-Necessidade clama a Deus de nossa pobreza; o amor-Doação deseja servir ou mesmo sofrer por Deus; o amor Apreciativo exclama: "Nós te damos graças por tua glória". O amor-Necessidade diz a respeito de uma mulher: "Não posso viver sem ela"; o amor-Doação anseia por fazê-la feliz, dar-lhe conforto e proteção - e, se possível, riqueza; o amor Apreciativo contempla e prende a respiração, fica em silêncio e se rejubila de que tal maravilha possa existir, mes- mo que não seja para ele; não ficará inteiramente deprimido se a perder, pois prefere isso a jamais tê-la visto.
Nós matamos para dissecar. Na vida real, graças a Deus, os três elementos do amor se mesclam e se seguem um ao outro, momento a momento. Talvez nenhum deles exceto o amor-Necessidade exista por si só, em pureza "química", por mais que alguns segundos. E talvez isso aconteça porque nada em nós exceto nossa necessidade é permanente nesta vida. Duas formas de amor para aquilo que não é pessoal exigem um tratamento todo particular. Para algumas pessoas, talvez principalmente para os ingleses e os russos, o que chamamos de "amor pela natureza" seja um sentimento permanente e sério.
Quero indicar aqui aquele amor da natureza que não pode ser simplesmente classificado como um exemplo de nosso amor pela beleza. Como é lógico, muitos objetos naturais-árvores, flores e animais - são belos. Mas os amantes da natureza que tenho em mente não se preocupam muito com os objetos desse tipo que sejam belos em si. O homem que se preocupa com eles os perturba. Um botânico entusiasta constitui uma companhia odiosa para eles. Está sempre parando para chamar sua atenção para algum detalhe. Também não estão procurando "vistas" ou paisagens.
Wordsworth, que fala por eles, protesta contra isto: leva a uma "comparação de cena com cena", faz com que se "habitue" com "magras novidades de cor e proporção". Enquanto está ocupado com esta atividade crítica e discriminativa per- de as coisas que realmente importam - "as disposições do tempo e da estação", "o espírito" do lugar. E naturalmente Wordsworth está certo. Essa a razão porque, se você ama a natureza desse modo, um pintor de paisagens (fora de casa) é uma companhia ainda pior do que um botânico. São a "disposição" ou o "espírito" que importam.
Os amantes da natureza querem receber o mais plenamente possível o que quer que a natureza esteja dizendo, em cada momento e lugar determinados. A evidente riqueza, graça e harmonia de algumas cenas não são mais apreciadas por eles do que a tristeza, desolação, terror, monotonia, ou "melancolia visionária" de outras. Mesmo aquilo que é informe recebe deles uma reação positiva. E mais uma palavra proferida pela natureza. Eles se abrem para a absoluta qualidade de toda paisagem campestre, a cada hora do dia. Querem absorvê-la, deixando-se colorir completamente por ela. Esta experiência, como muitas outras, depois de ter sido exaltada até os céus no Século Dezenove, foi descartada pelos modernistas. Precisamos de fato admitir a favor dos opositores que Wordsworth, quando não estava comunicando idéias no papel de poeta, mas apenas falando sobre elas como filósofo (ou filosofastro), disse algumas coisas bem tolas.
E tolo, a não ser que você tenha descoberto qualquer evidência nesse sentido, acreditar que as flores gozam do ar que respiram, e mais tolo ainda não acrescentar que, se isto fosse verdade, as flores iriam indiscutivelmente sentir tanto dores como prazeres. Não foram muitos os que aprenderam uma filosofia moral através de um "impulso primaveril". Se isso tivesse acontecido, não seria necessariamente a espécie de filosofia que Wordsworth teria aprovado.
Poderia ser a da competição desenfreada, como julgo ser para alguns modernistas. Amam a natureza até o ponto em que, para eles, ela apela aos "deuses sombrios no sangue"; não apesar do sexo, fome e poder absoluto operarem ali sem compaixão ou vergonha, mas exatamente por isso. Se você aceitar a natureza como um mestre, ela irá en- sinar-lhe justamente as lições que já decidira aprender; isto é só outra maneira dó dizer que a natureza não ensina.
A tendência de toma-Ia como mestra é logicamente enxertada com facilidade na experiência que chamamos "amor pela na- tureza". Mas, não passa de um enxerto. Enquanto estamos sujeitos a eles, "as disposições" e "espíritos" da natureza não indicam qualquer moral. A alegria desregrada, grandeza insuportável, desolação sombria, são lançadas à sua frente. Faça o que puder com elas, se puder fazer algo. O único im- perativo proferido pela natureza é: "Olhe. Ouça. Atenda." O fato de este imperativo ser no geral mal interpretado e fazer com que as pessoas inventem teologias, panteologias e antiteologias podendo todas ser descartadas - não toca re- almente a experiência central em si.
O que os amantes da natureza - quer sejam seguidores de Wordsworth ou pessoas com "deuses sombrios em seu sangue" obtêm dela é uma iconografia, uma linguagem de imagens. Não quero dizer apenas imagens visuais; são as "disposições" ou "espíritos" em si as poderosas exibições de terror, tristeza, alegria, crueldade, luxúria, inocência, pureza - que são as imagens.
Nelas, cada um pode colocar ou "vestir" sua própria crença. Devemos aprender em outra parte nossa teologia ou filosofia (não é de surpreender que no geral as aprendamos com teólogos e filósofos). Mas quando falamos de "vestir" nossa crença em tais imagens, não estou me referindo a usar a natureza para símiles ou metáforas à maneira dos poetas. Eu poderia na verdade ter dito "encher" ou "encarnar" em lugar de vestir. Muitas pessoas, inclusive eu, jamais poderiam, a não ser por aquilo que a natureza nos faz, ter qualquer conteúdo para colocar nas palavras que devemos usar ao confessar nossa fé. A natureza jamais me ensinou que existe um Deus de glória e de infinita majestade. Tive de aprender isso de outra forma.
Mas a natureza deu à palavra glória um significado para mim. Ainda não sei onde poderia tê-lo encontrado a não ser nela. Não vejo como o "temor" de Deus poderia ter qualquer significado para mim além dos mínimos esforços para manter-me seguro, se não tivesse tido oportunidade de ver despenhadeiros medonhos e penhascos inacessíveis. E se a natureza jamais tivesse despertado em mim certos anseios, áreas imensas do que agora posso chamar de "amor" de Deus jamais existiriam, no que me é dado ver. O fato de o cristão poder usar assim a natureza não é nem mesmo o início de uma prova de que o cristianismo é verdadeiro.
Os que sofrem às mãos de deuses sombrios podem igualmente fazer uso dela (suponho eu) para o seu credo. Esse é justamente o ponto. A natureza não ensina. Uma filosofia genuína pode às vezes validar uma experiên- cia da natureza; uma experiência da natureza não pode dar validade a uma filosofia. A natureza não irá verificar qual- quer proposição teológica ou metafísica (ou pelo menos não da maneira que consideramos agora); ela ajudará a revelar o seu significado.
E, nas premissas cristãs, isso não se dará acidentalmente. Pode-se esperar que a glória criada nos proporcione vislumbres da não-criada: pois uma deriva da outra e de alguma forma a reflete. De alguma forma. Mas talvez não de modo tão simples e direto como poderíamos supor a princípio. Como é lógico, todos os fatos destacados pelos amantes da natureza da outra escola são também fatos. Há vermes no ventre assim como primaveras na floresta. Tente reconciliá-los ou mostrar que não precisam necessariamente de reconciliação, e você estará se desviando da experiência direta da natureza - nosso tema presente - para a metafísica ou teodicéia, ou algo desse tipo. Isso pode ser sensato, mas penso que devemos mantê-lo distinto do amor da natureza.
Enquanto estamos nesse nível, enquanto continuamos alegando falar daquilo que a natureza nos "disse" diretamente, é preciso apegar- nos ao mesmo. Vimos uma imagem da glória. Não nos cabe descobrir um caminho direto através dela e além dela que leve a um crescente conhecimento de Deus. O caminho desaparece quase imediatamente. Terrores e mistérios, toda a profundidade dos conselhos de Deus e todo o emaranhado da história do universo o sufocam. Não podemos passar; não desse modo.
E preciso entrar por um atalho - deixar as colinas e florestas e voltar aos nossos estudos, à igreja, às nossas Bíblias, aos nossos joelhos. De outra maneira o amor da natureza está começando a transformar-se numa religião. E então, mesmo que não nos leve de volta aos deuses sombrios, nos levará a uma grande dose de tolice. Mas não precisamos entregar o amor da natureza - disciplinado e limitado como sugeri, aos desiludidos. A natureza não pode satisfazer os desejos que desperta, nem responder a questões teológicas, nem santificar-nos. Nossa verdadeira jornada para Deus envolve o ato de voltar constantemente as costas para ela; passando dos campos iluminados pelo sol nascente para alguma acanhada igrejinha, ou (talvez) indo trabalhar na paróquia do distrito oriental (o mais pobre de Londres).
Mas o amor por ela foi para alguns, uma valiosa e indispensável iniciação. Eu não precisaria dizer "foi", pois de fato os que não concedem mais que isto ao amor da natureza parecem ser os que o retêm. E é isto que se deve esperar. Este amor, quando estabelecido como uma religião, começa a ser um deus e, portanto, um demônio. Os demônios jamais cum- prem as suas promessas. A natureza "morre" para aqueles que tentam viver por amor a ela. Coleridge acabou tornan- do-se insensível a ela; Wordsworth veio a lamentar que a glória tivesse passado.
Diga suas orações bem cedo, no jardim, ignorando firmemente o orvalho, os pássaros e as flores, e sairá dele conquistado pela sua frescura e glória; vá para ali a fim de ser conquistado e, depois de certa idade, nove entre dez vezes nada lhe acontecerá. Quero tratar agora do amor patriótico, aqui não é pre- ciso elaborar o axioma de M. de Rougemon; todos sabemos agora como este amor se transforma em demônio ao tornar- se um deus. Alguns começam mesmo a suspeitar que ele nunca foi outra coisa senão um demônio. Mas então teriam de rejeitar metade da elevada poesia e metade dos atos he- róicos de nossa raça. Não podemos nem sequer excluir o lamento de Cristo sobre Jerusalém.
Ele também manifesta amor pelo seu país. Vamos limitar nosso campo. Não existe aqui necessi- dade de um estudo sobre ética internacional. Quando este amor se toma demoníaco ele irá naturalmente produzir atos perversos. Mas outros, mais capazes, poderão dizer quais os atos entre as nações são perversos. Nós estamos apenas considerando o sentimento em si na esperança de poder distinguir entre a sua condição ino- cente e a demoníaca. Nenhuma delas é a causa eficiente do comportamento nacional. Pois em termos estritos, são os governantes e não as nações que agem internacionalmente. O patriotismo demoníaco em seus súditos - eu escrevo só para os súditos - tornará mais fácil para eles agir perversamente.
O patriotismo sadio pode dificultar sua tarefa: quando são perversos têm possibilidade, através da propaganda, de encora- jar uma condição demoníaca de nossos sentimentos, a fim de obter nossa aquiescência à sua perversidade. Se forem bons, talvez façam o oposto. Essa a razão pela qual nós, cidadãos privados, devemos manter-nos vigilantes quanto à saúde ou doença de nosso amor pelo país. E é sobre isto que escrevo.
A ambivalência do patriotismo pode ser medida pelo fato de outros escritores não a terem expressado com mais vigor do que Kipling e Chesterton. Se ela fosse composta de um elemento único, dois homens como eles não poderiam tê-la elogiado simultaneamente. Ela contém na verdade diversos ingredientes, todos distintos, os quais permitem uma grande variedade de combinações.
Em primeiro plano, vem o amor pela terra natal, a cidade em que nascemos, ou os vários lugares, onde moramos; amor pelos velhos amigos, lugares, sons e cheiros conhecidos. Note que de forma mais ampla este é para nós o amor pela Inglaterra, Gales, Escócia ou Ulster. Apenas estrangeiros e políticos falam sobre a "Grã-Bretanha".
As palavras de Kipling, "não amo os inimigos de meu império" fazem soar uma nota ridiculamente falsa. Meu império! Com este amor pelo lugar está envolvido o amor pelo estilo de vida; pela cerveja, o chá e fogueiras ao ar livre, trens com compartimentos e uma força policial desarmada, e todo o resto; pelo dialeto local e (um pouco menos) pela nossa língua nativa. Como diz Chesterton, as razões por que o homem não quer que seu país seja dominado por estrangeiros são as mesmas por que não quer que sua casa pegue fogo; porque ele "não poderia nem sequer começar" a descrever todas as coisas que lhe fariam falta.
Seria difícil descobrir qualquer ponto de vista legítimo que pudesse condenar este sentimento. Da mesma forma que a família nos oferece o primeiro degrau que nos afasta do amor egoísta, este nos faz dar o primeiro passo para além do egoísmo familiar. Como é lógico, não se trata de pura caridade; ele envolve o amor pelo nosso próximo em sentido local e não no dominical. Mas os que não amam os cidadãos da vila ou cidade a quem viram, no irão provavelmente adiantar-se muito em amar o "Homem" a quem não viram. Todas as afeições naturais, inclusive esta, podem rivalizar com o amor espiritual, podendo também ser imitações preparatórias do mesmo; treinando, por assim dizer, os músculos espirituais que a Graça poderá mais tarde empregar num serviço mais elevado, como as mulheres cuidam das bonecas quando crianças e mais tarde dos seus filhos.
Pode surgir ocasião de renunciar a este amor, arrancar seu "olho direito". Mas é preciso em primeiro lugar que você tenha um olho a criatura que não tenha um, que só chegasse a ter um ponto "fotossensível", iria dar-se mal ao meditar sobre esse texto severo.
O patriotismo deste tipo não é naturalmente de forma alguma agressivo. Ele só pede que o deixem sozinho. Só se torna militante a fim de proteger aquilo que ama. Em qualquer mente dotada de um mínimo de imaginação, ele produz uma atitude positiva em relação aos estrangeiros. Como pos- so amar minha pátria sem compreender que outros homens, com o mesmo direito, amam a sua? Uma vez que você com- preenda que os franceses gostam de café compiet da mesma forma que nós gostamos de toicinho com ovos ótimo para eles e vamos permitir que comam isso.
A última coisa que desejamos é tornar todos os outros lugares iguais ao nosso lar. Ele não seria um lar a não ser que fosse diferente. Um segundo ingrediente é uma atitude particular com relação ao passado de nosso país. Quero dizer, esse passado que vive na imaginação popular; os grandes feitos de nossos ancestrais. Lembre-se de Maratona. Lembre-se de Waterloo. "E preciso que os que falam a língua de Shakespeare sejam livres ou morram". Sente-se que esse passado tanto impõe uma obrigação como oferece uma segurança. Não devemos baixar o padrão estabelecido para nós por nossos pais, e por sermos seus filhos há uma boa chance de que não faremos isso.
Este sentimento não possui credenciais tão positivas quanto o puro amor pela terra natal. A verdadeira história de cada país está cheia de feitos tristes e até mesmo vergonhosos. As histórias de heroísmo, se tomadas como padrão, dão uma idéia errada dela e com freqüência se prestam a sérias críticas históricas. Dessa forma o patriotismo baseado em nosso glorioso passado é presa fácil para o desiludido. À medida que cresce o conhecimento ele pode romper-se e converter-se em cinismo desiludido, ou manter-se mediante o fechar voluntário dos olhos. Mas, quem pode condenar o que faz claramente muitas pessoas, em muitos momentos importantes, comportar-se tão acima da média, o que certa- mente não fariam sem a sua ajuda? Penso que é possível fortalecer-se pela imagem do passado sem ser enganado nem envaidecido. A imagem se torna perigosa exatamente na proporção em que ela é aceita ou passa por um estudo sério e sistemático da História.
As lendas são melhores quando transmitidas e aceitas como lendas. Não estou querendo dizer que devam ser passadas adiante como simples ficção (algumas delas no final de contas são verdadeiras). Mas a ênfase deve ficar na narrativa como tal, no quadro que incendeia a imaginação, o exemplo que robustece a vontade. O escolar que as ouve deveria sentir vagamente embora, como é lógico, não possa colocar isso em palavras - que está aprendendo uma saga.
Deixe que se entusiasme com os "Feitos que conquistaram o império"; mas quanto menos misturarmos isto com suas "lições de história" ou que seja tomado como uma análise séria - ou, pior ainda, uma justificação - da política imperial, tanto melhor. Quando eu era criança ganhei um livro cheio de gravuras coloridas chamado "A História de Nossa Ilha". O título sempre me pareceu fazer soar justamente a nota certa. O livro também não parecia absolutamente um compêndio escolar.
O que me parece prejudicial, que gera um tipo de patriotismo pernicioso caso perdure, mas que provavelmente não dura muito no indivíduo adulto instruído, é o ensino a sério de uma história-pátria sabidamente falsa ou precon- ceituosa aos jovens. A lenda heróica mal disfarçada e impin- gida como fato no estudo da história. Com isto se insinua a suposição de que os outros países igualmente não possuem heróis; e talvez a crença - com certeza um grande erro em biologia - de que podemos "herdar" literalmente uma tradição.
E isso leva inevitavelmente a uma terceira coisa que é algumas vezes chamada de patriotismo. Essa terceira coisa não é um sentimento mas uma crença: uma crença firme e até mesmo prosaica de que nosso país, de fato, vem sendo há muito e continua a sê-lo, nota- velmente superior a todos os demais.
Aventurei-me a dizer certa vez a um velho clérigo que estava dando voz a este tipo de patriotismo: "Mas, senhor, não nos disseram que todo povo julga seus próprios homens os mais valentes e suas mulheres as mais belas em todo o mundo?" E ele replicou com toda gravidade, não poderia ter-se mostrado mais grave se estivesse recitando o Credo no altar: "Sim, mas na Inglaterra isso é verdadeiro". Para ser sincero, esta convicção não fez de meu amigo (Deus dê descanso à sua alma) um vilão, apenas um velho asno extremamente digno de amor. Mas, ela pode também produzir asnos que escoiceiam e mordem. Quando chega às raias da loucura talvez se transforme no popular Racismo, proibido igualmente pelo cristianismo e a ciência.
Surge agora o quarto ingrediente. Se nosso país está tão acima dos demais, pode ser dito então que ele tem ou os direitos ou os deveres de um ser superior em relação a eles. No Século Dezenove os ingleses se tornaram demasiado conscientes de tais deveres: "o fardo do homem branco". Os que chamávamos de nativos eram nossos tutelados e nós seus guardiães auto-nomeados. Mas nem tudo era hipocrisia nesta atitude. Nós realmente fizemos a eles algum bem. Mas nosso hábito de falar como se o motivo de a Inglaterra adquirir um império fosse puramente altruísta repugnou o mundo. Isto mostrava, todavia, o sentimento de superiorida- de operando em sua melhor forma.
Alguns países que também sentiram esse impulso, enfatizaram os direitos e não os deveres. Para eles, alguns dos estrangeiros eram tão maus que tinham o direito de exterminá-los. Outros, que serviam apenas para cortar lenha e carregar água para o Povo Es- colhido, seria melhor que continuassem em seus misteres. Cães, conheçam os seus superiores! Não quero de forma alguma sugerir que as duas atitu- des se comparem. Mas ambas são fatais. Ambas exigem que a sua área de operações se alargue cada vez mais, e vemos nelas este sinal claro de perversidade: somente sendo terrí- veis evitam ser cômicas.
Se não fosse pelos tratados infringidos pelos vermelhos, pelo extermínio dos tasmanianos, pelas câmaras de gás, etc., a pomposidade de ambos seria uma imensa farsa. Chegamos finalmente ao estágio em que o patriotismo em sua forma demoníaca nega inconscientemente a si mes- mo. Chesterton tomou duas linhas de empréstimo a Kipling como o exemplo perfeito. Isso foi desonesto para com Kipling, que sabia maravilhosamente para um homem tão apátrida quanto ele - o que o amor pela pátria significa. Mas as linhas citadas, isoladamente, resumem realmente a idéia: "Se a Inglaterra fosse o que parece ser. Quão depressa nos afastaríamos dela. Mas não é!" O amor nunca falou dessa forma.
É como amar nossos filhos "apenas se forem bons", nossa esposa só enquanto mantiver sua aparência, nosso marido somente enquanto for famoso e tiver êxito na vida. "Homem algum", disse um dos gregos, "ama sua cidade por ser grande, mas por ser sua". O homem que realmente ama seu país, continuará a amá-lo através da ruína e da degeneração. "Inglaterra, com todas as tuas faltas, continuo a amar-te." Ela será para ele "uma coisa pobre mas muito minha". Pode julgá-lo bom e grande, quando isso não é verdade, porque o ama; a ilusão é perdoável até certo ponto.
Mas o soldado de Kipling inverte a situação, ele julga a Inglaterra boa e grandiosa e a ama por isso, ele a ama devido a seus méritos, e seu orgulho é gratifi- cado por fazer parte dela. E se deixasse de ser essas coisas? A resposta é dada com toda clareza: "Quão depressa nos afastaríamos dela". Quando o navio começar a submergir ele o abandona. Essa espécie de patriotismo que se inicia com o bater de tambores e desfraldar de bandeiras geralmente toma o caminho que leva a Vichy.
Vamos encontrar de novo este fenômeno. Quando os amores naturais infringem a lei, eles não só prejudicam os demais amores; mas deixam eles mesmos de ser os amores que costumavam ser, perdendo por completo sua condição.O patriotismo possui então muitas faces. Os que desejam rejeitá-lo inteiramente não parecem ter considerado o que irá com certeza tomar o seu lugar, e que já começou a fazê-lo. Ainda por muito tempo, ou talvez para sempre, as nações viverão em perigo.
Os governantes precisam de alguma forma encorajar seus súditos a defendê-las ou pelo menos preparar-se para a sua defesa. Onde o sentimento de pa- triotismo foi destruído isto só pode ser feito apresentando todos os conflitos internacionais sob urna luz puramente ética. Se o povo não quiser dar nem o seu suor nem o seu sangue pelo "seu pais", eles devem ser então levados a sen- tir que estão fazendo isso por causa da justiça, da civiliza- ção, ou da humanidade. Este é um passo para baixo e não para cima.
O sentimento patriótico não necessitaria, como é lógico, desconsiderar a ética. Homens bons precisaram ser convencidos de que a causa de seu país era justa; mas mes- mo assim continuava sendo a causa do país e não da justiça como tal. A diferença me parece importante. Sem qualquer sen- timento de auto-retidão ou hipocrisia, eu posso defender minha casa pela força contra um ladrão. Mas se começar a pretender que dei-lhe um soco no olho puramente por ques tões morais - indiferente ao fato de a casa assaltada ser minha - tomo-me insuportável.
A pretensão de que quando a causa da Inglaterra for justa estamos do lado dela - como al- gum Dom Quixote neutro poderia estar - só por essa razão, é igualmente espúria. E a falta de bom senso tira conclusões erradas desse conceito.
Se a causa de nosso país é a causa de Deus, as guerras devem ser guerras de aniquilação. Uma falsa transcendência é concedida a coisas que são bem des- te mundo. A glória do antigo sentimento está no fato de que embo-ra pudesse influenciar os homens a esforçar-se ao máximo, mesmo assim ele tinha consciência de que era na verdade um sentimento. As guerras podiam ser heróicas sem pretenderem passar por Guerras Santas. E a morte do herói não era confundida com a do mártir. Assim também, de maneira deliciosa, o que podia ser tão sério numa ação de retaguarda, em tempos de paz, poderia aceitar a si mesmo com toda a leveza como fazem no geral todos os amores felizes.
Podia rir de si mesmo. Nossas velhas canções patrióticas não po- dem ser cantadas sem um brilho alegre nos olhos; as mais recentes se parecem mais com hinos. Gosto muito mais dos "Granadeiros Britânicos" (com o seu tow-row-row-row) do que da "Terra de Esperança e Glória". Devemos notar que o tipo de amor que descrevi, assim como todos os seus ingredientes, pode envolver outras coisas além do país: a escola, o regimento, uma família grande, uma classe, mas as mesmas críticas são também aplicáveis.
Pode igualmente ser sentido por grupos que reivindicam mais do que uma afeição natural, por uma Igreja ou (que pena!) por um partido na igreja, ou por uma ordem religio- sa. Este assunto terrível exigiria um livro inteiro, mas basta dizermos aqui que a Sociedade Celestial é também uma so- ciedade terrena. Nosso patriotismo (simplesmente natural) em relação à última pode facilmente tomar de empréstimo as reivindicações transcendentes da primeira e usá-las para justificar os atos mais abomináveis. Se o livro que não vou escrever for um dia escrito, deve conter a plena confissão do cristianismo quanto à contribuição específica feita pelo mes- mo para a soma da crueldade e traição humanas. Grandes áreas do "Mundo" não irão dar-nos ouvidos enquanto não tivermos repudiado muito de nosso passado. Por que deveriam fazê-lo? Gritamos a plenos pulmões o nome de Cristo, mas agimos a serviço de Moloque. Talvez alguns pensem que eu não deveria terminar este capítulo sem dizer uma palavra sobre o nosso amor pelos animais. Mas esse assunto se enquadrará melhor no próxi- mo. Quer os animais sejam dê fato sub-pessoais ou não, eles jamais são amados como se o fossem. O fato ou a ilusão da personalidade acha-se sempre presente, e o amor por eles é então na verdade um exemplo daquela Afeição que é o tema do próximo capítulo.
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C. S. Lewis